Crise de Identidade?

Eu só nasci Eduardo Oscar.

Logo virei Oscarzinho. Num relato que meu pai escreveu dos meus dois primeiros anos de vida, começando no dia seguinte ao do meu nascimento, eu já sou Oscarzinho.

Quando entrei na escola (Grupo, Ginásio), em 1952, passei a ser Eduardo.

Quando estive no JMC (Clássico), a partir de 1961, passei a ser Oscar, apelido Juca (por causa do Chaves, naturalmente, mas Juca era o apelido de meu avo materno, José de Campos).

No Seminário, a partir de 1964, eu era Oscar Chaves — virei meu pai, que também estudou la.

Quando minha irmã mais velha nasceu, em 1967, ela passou a me chamar de Oi, porque era isso que eu lhe dizia quando a via — e hoje minha família inteira ainda me chama de Oi.

Nos Estudos Unidos era eu era inicialmente Ed, depois virei Dr. Chaves ou Prof. Chaves (geralmente pronunciado Chavêz ou Tcheivis). O Seminário onde eu estudei lá (fazendo o Mestrado) me chama até hoje de algo que eu nunca fui, Rev. Chaves.

Na UNICAMP fui Eduardo, Chaves, Prof. Eduardo, Prof. Chaves. Algumas de minhas aluninhas de Pedagogia, que não tinham nenhum respeito pelos meus cabelos branqueantes, me chamavam simplesmente de Du.

Quanto meu neto Gabriel nasceu (1999), porque ele tinha dois outros avôs, era preciso sempre dizer vô fulano. Eu virei o vô Dudu.

Depois que passei a viver com a Paloma, virei Edu. Às vezes, quando ela quer ser enérgica, me chama de Edward — algo que ninguém mais jamais me chamou.

Depois que nos casamos no papel, meu nome virou Eduardo Oscar Epprecht e Machado de Campos Chaves. O atendente do INSS em Salto, um velho ranzinza, quando disse a ele que eu havia mudado de nome porque havia adotado os sobrenomes de minha mulher quando do casamento, olhou para mim como se estivesse olhando para um doido varrido… “Por que fazer isso a essas alturas?”, perguntou. Respondi apenas que a lei o facultava. Ele disse: “Tudo bem, mas…” — e houve por bem calar-se. Percebeu que eu estava perto de perder a esportiva…

Só fui o que sou, Eduardo Oscar, portanto, quando nasci. Talvez volte a sê-lo quando morrer. Assino meu nome, por um tempo, Eduardo O C Chaves (sem os pontinhos nas letras do meio). Quando me casei tentei assinar Eduardo O E M C Chaves. Mas dava trabalho demais. Voltei a assinar apenas Eduardo Chaves.

Terei eu uma crise de identidade?

Em São Paulo, 11 de Novembro de 2011. Addaptado de um e-mail de 2 de Junho de 1997.

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