[Este artigo é uma versão revisada e atualizada de outro que escrevi com basicamente o mesmo título (sem o “Atualizada”, naturalmente), e que publiquei no meu blog Chaves Space em 5 de Julho deste ano de 2019, em https://chaves.space/2019/07/05/uma-breve-autobiografia/. Além de acrescentar vários materiais e várias informações, dividi o conteúdo em quinze partes. Ele será oportunamente inserido em uma autobiografia que estou escrevendo há muitos anos.]
= PARTE I =
Nasci em Lucélia, na na região que um dia foi chamada Alta Paulista, no interior do Estado de São Paulo, no dia 7 de Setembro de 1943. Celebrei este ano (2019) 76 anos de vida.
Meu pai, Oscar Chaves, ministro (pastor) Presbiteriano (pela Igreja Presbiteriana do Brasil), era pessoa conservadora e tradicional. Seu principal legado, no que me diz respeito, foi uma personalidade argumentativa e pugnaz, quase briguenta, e uma preocupação constante com a justificação e defesa de minhas convicções, meus valores, minhas atitudes e minhas ações.
Fiz o Primário e o Ginásio (que, juntos, compõem o que é hoje a Educação Fundamental) em Santo André, SP, respectivamente no Grupo Escolar “Prof. José Augusto de Azevedo Antunes”, na Rua Senador Flaquer, e no Colégio Estadual e Escola Normal “Dr. Américo Brasiliense” (depois chamado, enquanto eu ainda estudava lá, de Instituto de Educação “Dr. Américo Brasiliense”), na Praça do Quarto Centenário.
Depois de um ano desperdiçado no Colegial Científico do Américo Brasiliense (desisti na metade do ano), fui fazer o Colegial Clássico no Instituto “José Manuel da Conceição” (JMC), em Jandira, SP, uma escola-internato pertencente à Igreja Presbiteriana do Brasil, que foi fechada pela igreja em 1970 em circunstâncias não bem esclarecidas até hoje. (Havia, na época, o Colegial Clássico, o Colegial Científico e o Curso Normal. Eram equivalentes, do ponto de vista formal, ao Ensino Médio de hoje).
Naquela época a maior parte dos alunos do sexo masculino que estudavam no Instituto JMC tinha a intenção de seguir para um Seminário Teológico a fim de se preparar para o ministério (pastorado) evangélico. Eu não era exceção. Influenciado, em parte, pela história de meu pai (que também havia estudado no Instituto JMC, na década de 30, de 1934 a 1938), matriculei-me, em 1964, no Seminário Presbiteriano do Sul (SPS), também conhecido como Faculdade de Teologia da Igreja Presbiteriana do Brasil, em Campinas, SP (onde meu pai também já havia estudado, de 1939 a 1941). Minha festa de calouro estava agendada para o fatídico 1º de Abril de 1964. É desnecessário acrescentar que (como muita coisa mais) foi abortada pelo Golpe Político-Civil-Militar de 31 de Março… Que houve um golpe, não tenho nenhuma dúvida; que foi exclusivamente militar, tenho certeza que não; que, com o golpe, tenha tido início uma ditadura, considero discutível: para mim a ditadura, propriamente dita, só teve início a partir do final de 1968, tendo a dita sido mais dura exatamente durante o governo do mais popular dos presidentes militares: Garrastazu Médici). A ditadura começou a ser desconstruída com Geisel, o primeiro presidente protestante do Brasil, durante cujo governo a ditadura virou uma ditabranda, e terminou de ser até mesmo uma ditabranda com Figueiredo, a Anistia, e a eleição de Tancredo e, lastimavelmente, Sarney.)
Voltando a 1964 e ao Seminário, com uma ou duas exceções, o corpo docente do Seminário Presbiteriano de Campinas era muito conservador, tanto teológica quanto politicamente, e entre os alunos havia alguns (admitidamente, uma minoria) que chegavam a ser extremamente reacionários (novamente, tanto no plano teológico quanto no político). Sendo essa a situação, tive o que hoje, em retrospectiva, só posso considerar a sorte de ser expulso do Seminário em 1966, quando estava no meu terceiro ano, em virtude de basicamente duas razões:
- a primeira, por defender teorias não muito ortodoxas acerca da religião e da teologia cristã, especialmente, no caso da religião, em geral, as do filósofo escocês David Hume, um cético que, para todos fins práticos, era um ateu, e, no caso da teologia cristã, as de Rudolf Bultmann, o último dos grandes teólogos liberais alemães do século 19, embora tivesse vivido sua vida profissional no século 20, em meio a teólogos suíços denominados neo-ortodoxos (Karl Barth e Emil Brunner), com os quais é indevidamente agrupado pela maioria dos historiadores;
- a segunda, por publicar, no jornal do Centro Acadêmico, do qual eu era editor, e que tinha o provocante nome de “O CAOS em Revista” (visto que o nome do Centro Acadêmico era “Oito de Setembro”, data da fundação do Seminário), uma crítica violenta aos professores do Seminário por sua atitude totalmente omissa na crítica a ideias fundamentalistas, e, depois, e por fazer uma defesa apaixonada, baseada no livro On Liberty, de John Stuart Mill, do direito à liberdade de pensamento e de expressão.
= PARTE II =
Faço um breve interlúdio aqui, quebrando o fluxo natural da narrativa, para explicar o meu love affair com Bultmann, mencionado na primeira das duas razões. Faço isso transcrevendo, nesta segunda parte, uma versão atualizada de um artigo que escrevi em 2014 e revi em 2015 e, agora, em 2019. Ela está publicada também em meu blog Autobio Space, em https://autobiospace.wordpress.com/2015/11/10/50-anos-atras-hoje-55/.
Estou lendo uma biografia de Rudolf Karl Bultmann. O título é Rudolf Bultmann: A Biography, e o autor é Konrad Hammamm. Estou lendo em um e-book comprado da Amazon Kindle.
Li Bultmann pela primeira vez há 50 anos. Em 1964 eu fui para o Seminário Presbiteriano de Campinas e lá fui apresentado a Bultmann. Não pelos professores: Bultmann era muito avançado e radical para eles. Foram os colegas que me apresentaram Bultmann: Waldir Berndt, Elias Abrahão… Principalmente eles. Foi o contato com Bultmann que começou a desestruturar a fé simples, não-refletida, ingênua, que eu havia trazido comigo para o seminário. Uma fé que se contentava consigo mesma, que se bastava a si mesma, que não buscava, como um dia sugeriu Santo Anselmo, o entendimento. Uma fé sem entender, que cria mesmo naquilo que não entendia.
O que os colegas me falavam sobre Bultmann despertou minha curiosidade. Acabei comprando um livro, em dois volumes, chamado Kerygma and Myth, editado por Hans Werner Bartsch, que começava com um artigo de Bultmann, com o título “The New Testament and Mythology” e trazia uma série de artigos que discutiam o artigo programático de Bultmann. Comecei a ler — e fiquei abalado. Fiquei em dúvida se deveria continuar lendo. Eu tinha apenas 20 anos, mas sabia que seria arriscado. Aquilo que eu já havia lido falava sobre questões acerca das quais eu nunca havia pensado, em minha santa ingenuidade de primeiro anista de seminário. Mas eu imediatamente percebi que o artigo de Bultmann era nitroglicerina pura. Se eu optasse por continuar a lê-lo, sabia que minha fé correria risco. Mas parar de ler não era mais uma opção. Li, então, até o fim. Era longo. E resolvi traduzir o artigo, oportunamente, para o Português. Fiz isso já no meu segundo ano de seminário, em 1965. O Setor de Apostilas do Centro Acadêmico “Oito de Setembro” (CAOS) publicou a tradução em apostila — usando estênceis (não sei se o termo stencils se traduz assim), daqueles velhos, encerados, e um mimeógrafo que era propriedade do CAOS. Eu mesmo digitei (datilografei) o texto nos estênceis. Publicado, interna corporis, sem pedir permissão a ninguém, o artigo causou furor. Ajudou preparar a crise do ano seguinte, 1966.
O que mais me causava surpresa no artigo de Bultmann era o seguinte. Se ele tivesse sido escrito por um ateu, o impacto em mim não teria sido tão grande. De um ateu você normalmente não esp5era grande coisa (pelo menos assim pensava eu em 1964). Na verdade, você até mesmo espera que ele critique sua religião. Mas Bultmann era “crente”. Mais do que isso: era pastor luterano – e teólogo, um dos mais famosos do mundo protestante, professor de teologia numa das mais conceituadas universidades mundiais: Marburg, na Alemanha. Havia livro com sermões dele… O exemplo dele falou tanto quanto seu artigo. Levou-me a crer que era possível defender as ideias que Bultmann defendia no artigo e continuar a ser crente, pastor, teólogo, professor de teologia (como eu pretendia vir a ser… — e, um dia, 50 anos depois, acabei sendo, na Faculdade de Teologia de São Paulo (FATIPI) da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil (IPIB), em Julho de 1974.
Talvez eu mantivesse, ao acreditar nisso, um pouco da minha ingenuidade. Quem sabe era possível acreditar naquilo que Bultmann dizia e continuar a ser crente e pastor na Alemanha, país avançado… Mas, na Igreja Presbiteriana, aqui do Brasil, não seria. E não foi. Fui defenestrado do seminário em 1966. Em parte por causa de minha propaganda das ideias bultmannianas.
Mas fui parar, intermediariamente, na Faculdade de Teologia da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), em São Leopoldo. Lá vi que luteranos se entendem. Bultmann lá não era escândalo: era normal. Aos poucos eu comecei a conviver com as ideias de Bultmann como se fosse normal olhar para a Bíblia, Jesus Cristo, a sua apregoada ressurreição, e o Cristianismo daquele jeito…
Começava meu exílio da fé, que durou cerca de 45 anos.
Agora estou aqui, de volta, lendo uma biografia de Bultmann, 50 anos depois. Descubro, na biografia, que ele também enfrentou problemas por causa de suas ideias. Sofreu oposição. Universidades, como a de Leipzig, o convidaram para se transferir para seu Departamento de Teologia, como professor e parte do corpo docente, apenas para, depois, retirar o convite por pressão da Igreja Luterana… a mesma que, em grande medida, apoiou, logo depois, Hitler e o Nacional Socialismo. Senti-me mais irmanado a Bultmann ao descobrir isso. A igreja luterana alemã apoiou, em grande medida, o Nazismo — e a igreja presbiteriana brasileira apoiou, em grande medida, a Ditadura Militar brasileira…
Os livros de e sobre Bultmann que comprei nos anos 60 e 70 do século passado — são uns cinquenta — ainda os possuo, todos eles: nunca achei que devia me livrar deles. Eles eram — e continuam sendo — parte de mim. Dispor deles era como me livrar de um pedaço de mim. Não do meu corpo, mas da minha alma. As ideias deles entraram pelo meu sistema de ideias, foram mastigadas, algumas mal, outras melhor, mas foram todas de alguma forma digeridas, e, depois, algumas ficaram no sistema, outras foram excretadas, mas as que ficaram se misturaram com o que já estava no meu sistema e passaram a fazer parte de mim, parte do meu DNA. . .
Bultmann morreu em Julho de 1976, quando eu já era Diretor Associado da Faculdade de Educação da UNICAMP e pensava que havia deixado a teologia definitivamente para trás. Mais um engano meu. Autoengano.
[Este artigo foi originalmente publicado em meu blog Liberal Space, em Salto, no dia 23 de Agosto de 2014, poucas semanas depois de eu começar a dar aula de História da Igreja e de Teologia Histórica (História do Pensamento Cristão) na FATIPI. Fiquei lá durante três anos, saindo depois que me mudei de São Paulo para Salto. Foi revisto e transcrito no meu blog Autobio Space, em São Paulo, no dia 9 de Novembro de 2015. Mais uma vez revisto, é republicado aqui neste meu flagship blog, Chaves Space, em São Paulo, no dia 5 de Julho de 2019, ainda com o título original: “Uma Breve Autobiografia”. Republico-o, aqui, no mesmo blog, no dia 16 de Dezembro de 2019, 55 anos depois dos fatos que descrevo, com algumas alterações, e dentro de um contexto mais amplo, o de uma “Uma Breve Autobiografia – Atualizada”.
= PARTE III =
Continuo o meu interlúdio aqui, para discorrer sobre o affair que foi desencadeado por minhas críticas aos meus professores no Seminário Presbiteriano de Campinas, em 1966, mencionado atrás na segunda das duas razões. Aqui não vou narrar os fatos em detalhe, porque eles já estão narrados em outros artigos nos meus blogs.
Vide, portanto, a propósito da segunda das duas razões mencionadas, os seguintes artigos:
- “Editorial” (Março 1966)
- “Instituto Bíblico em Campinas” (Março 1966)
- “Editorial: Ainda Jonas” (Abril 1966)
- “Editorial” (Maio 1966)
- “Parafraseando” (Maio 1966)
- “Editorial” (Junho 1966)
- “Editorial” (Agosto 1966)
Os dois primeiros artigos estão inseridos (em meio a um histórico) em meu artigo maior, de 2006, “Quarenta anos depois do CAOS: 1966-2006 (I)”, no meu blog Liberal Space, em https://liberal.space/2006/09/08/quarenta-anos-depois-do-caos-1966-2006-i/.
O terceiro artigo está inserido (também em meio a um histórico) em meu artigo maior, de 2006, “Quarenta anos depois do CAOS: 1966-2006 (II)”, no meu blog Liberal Space, em https://liberal.space/2006/09/08/quarenta-anos-depois-do-caos-1966-2006-ii/.
Os quatro últimos artigos estão inseridos (sempre em meio a um histórico) em meu artigo maior, de 2006, “Quarenta anos depois do CAOS: 1966-2006 (III)”, no meu blog Liberal Space, em https://liberal.space/2006/09/08/quarenta-anos-depois-do-caos-1966-2006-iii/.
Quem desejar ler esses três artigos maiores em uma só peça pode ler o artigo “Quarenta Anos depois do CAOS (1966-2006)”, que eu publiquei, em 2015, no meu blog Autobio Space, em https://autobiospace.wordpress.com/2015/11/07/quarenta-anos-depois-do-caos-1966-2006/.
Se preferir apenas os artigos de 1966, sem o histórico e os comentários acrescentados em 2006, pode consultar o artigo, “O CAOS em Revista”: Editoriais e Artigos de 18-3-1966 a 18-8-1966 (alguns censurados)”, que eu publiquei, em 2015, no meu blog Autobio Space, em https://autobiospace.wordpress.com/2015/11/07/o-caos-em-revista-editoriais-e-artigos-de-18-3-1966-a-18-8-1966-alguns-censurados/.
As cinco primeiras peças chegaram a ser publicadas em papel e distribuídas em 1966, mas as edições foram imediatamente confiscadas pela Reitoria; no caso das outras duas, a Congregação do Seminário havia instituído a censura prévia e as peças foram confiscadas antes mesmo de serem publicadas. Na verdade, o jornal inteiro de Junho de 1966 foi censurado. Minha carreira de jornalista foi, portanto, abruptamente interrompida sem que sequer uma das peças que escrevi tivesse sido normalmente distribuída.
Todo esse episódio está descrito em mais detalhe no artigo “Quarenta Anos depois do CAOS: 1966-2006”, mencionado atrás.
Fim do interlúdio. Volto à narrativa corrida.
= PARTE IV =
Minha ousadia em 1966 quase me custou o fim temporário, se não de minha liberdade, pelo menos de meus estudos. O ano de 1966 me parecia, na época, ser o auge da ditadura militar brasileira e do autoritarismo eclesiástico e retrocesso teológico da Igreja Presbiteriana do Brasil, mas eu estava, naturalmente, e duplamente, errado: tanto no país quanto na igreja a situação se tornou ainda muito pior antes do final da década, mas nesse momento eu já estava fora, tanto da igreja, como do país.
Depois de ter sido expulso do Seminário Presbiteriano de Campinas fui acolhido pela Faculdade de Teologia da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (Evangelische Kirche Lutherischen Bekenntnisses in Brasilien), em São Leopoldo, RS, como já mencionei na Parte II. Lá, em 1967, eu completei quatro anos de estudos pós-secundários (embora não tenha concluído o curso teológico). Em São Leopoldo, Rudolf Bultmann (que era Luterano) era bem aceito. O tempo que passei lá ajudou bastante no desenvolvimento do meu domínio da língua alemã (que eu estudava desde o primeiro ano no Seminário de Campinas), porque todas as aulas eram ainda em alemão, naquela época.
O ambiente intelectual fornecido pela Faculdade de Teologia Luterana era bastante estimulador. A despeito disso, ou, mais provavelmente, por causa disso, meus laços pessoais com a igreja começaram a enfraquecer bastante, mais ou menos durante o período em que eu estive em São Leopoldo. Meu interesse pela religião como fenômeno sócio-cultural e pela teologia como disciplina intelectual continuam, entretanto, até hoje. (Nisso eu, em certo sentido e até certo ponto, modestamente espelhei o que se passou com David Hume, sobre quem eventualmente vim a escrever minha tese de doutoramento: ele deixou a igreja (também Presbiteriana, na Escócia) sem traumas, tanto por razões eclesiásticas como teológicas, depois de uma série de perseguições, mas sempre manteve um interesse pela religião como fenômeno sócio-cultural e pela teologia como disciplina intelectual).
Apesar dos meus laços com a igreja haverem enfraquecido, enquanto em São Leopoldo tive a sorte de receber uma bolsa completa, de três anos, para fazer o Mestrado em Teologia no Pittsburgh Theological Seminary (PTS), de Pittsburgh, PA, EUA. Para poder usufruir a bolsa solicitei uma bolsa de viagem ao National Council of the Churches of Christ in the United States (NCCCUS), e tive a felicidade de vê-la concedida. A bolsa no PTS foi obtida através dos esforços do Prof. Dr. Rev. Gordon Eugene Jackson, então Deão Acadêmico daquela escola, e, durante todo o tempo que lá estive, um querido amigo e uma fonte constante de inspiração. Espero que ainda esteja vivo e bem, pois perdi contato com ele há algum tempo. A bolsa de viagem do NCCCUS foi obtida através dos esforços do Rev. Dr. Aharon Sapsezian, então Secretário Executivo da Associação dos Seminários Teológicos Evangélicos (ASTE), e outra pessoa que se tornou um outro amigo muito caro (especialmente enquanto vivia em Genebra, Suíça, a terra adotada por João Calvino). O Aharon não só me sugeriu que solicitasse a bolsa ao NCCCUS, mas envidou os maiores esforços para que ela fosse concedida. Expresso publicamente aqui minha gratidão a esses dois grandes amigos. [Tivemos, a Paloma (vide adiante) e eu, o privilégio de participar, em 2011, em São Paulo, da celebração das Bodas de Ouro do Aharon e da Zabel, sua mulher. Foi uma experiência emocionante, que vivemos ao lado do Rubem Alves e da Thaís, sua mulher, também amigos do Aharon e da Zabel — o Rubem há um pouco mais de tempo do que eu. O Aharon e o Rubem, lastimavelmente, morreram pouco tempo depois dessa ocasião — o Aharon em 2012 e o Rubem em 2014. Sinto muita falta deles. O Rubem eu conhecia desde 1964, o Aharon, desde 1967.)
= PARTE V =
Enquanto no PTS, de meados de 1967 até meados de 1970, obtive meu Mestrado em Teologia, na área da História do Pensamento Cristão (conclusão: Maio de 1970). Lá tive o privilégio de estudar com estrelas intelectuais como:
- Dietrich Ritschl, sobrinho-neto do grande teólogo liberal alemão do século XIX, Albrecht Ritschl, e ele próprio um grande especialista na história do pensamento teológico europeu moderno, que me fez interessado para sempre na história intelectual;
- Ford Lewis Battles, especialista em pensamento medieval, na Renascença e na Reforma, especialmente em Calvino, sendo o autor da melhor tradução para o Inglês das Institutas da Religião Cristã, que quase me convenceu a tornar-me um historiador medieval;
- Markus Barth, filho do grande teólogo suíço do século XX, Karl Barth (este já mencionado), cujas aulas eram tão precisas que a gente o tomaria por alemão, e tão claras, que a gente o tomaria por francês;
- Hans Eberhard von Waldow, que havia ensinado em São Leopoldo antes de ir para Pittsburgh, que, por incrível que pareça, conseguia fazer a História do Antigo Israel parecer viva e interessante;
- George H. Kehm, professor de teologia sistemática, especialista em Wolfhart Pannenberg, que me fez seu assistente didático e de pesquisa quando entrei no doutorado;
- e vários outros: Ronald Stone, Walter Wiest, John Gerstner, Robert Paul, John Bald, Douglas Hare.
Minha média durante o mestrado foi suficientemente boa para que eu recebesse sete prêmios e bolsas ao final dos meus três anos no PTS, uma das quais era para cursar o doutorado em área de minha escolha.
Assim, em Setembro de 1970 entrei na University of Pittsburgh (Pitt), também em Pittsburgh, PA, EUA, para começar o meu Ph.D. (e o seminário me permitiu continuar a morar no apartamento em que já vivia e a trabalhar, à noite, em sua magnífica biblioteca). O foco principal de meus estudos foi a História da Filosofia Moderna, especialmente no século XVIII, pois eu estava interessado em epistemologia e Pitt era a melhor universidade americana na área de epistemologia, lógica e filosofia da ciência naquela época. Eu, naturalmente, ainda mantinha (como mantenho até hoje) meu interesse na epistemologia da religião. Esses dois interesses, na epistemologia da ciência e da religião, fizeram-me gravitar para William W. Bartley, III, professor titular do Departamento de Filosofia, cuja obra publicada lidava com esses dois assuntos (em especial, The Retreat to Commitment, publicado originalmente em 1962).
Depois de estudar teologia por algum tempo em Harvard, Bill Bartley foi para a London School of Economics (LSE), em Londres, Inglaterra, para estudar com Karl Raymund Popper. Ele eventualmente se tornou o discípulo amado de Popper. Assim sendo, fui virtualmente constrangido a ler tudo que Popper tinha publicado, e mesmo alguns trabalhos então ainda inéditos (mas aos quais Bill Bartley tinha acesso e dos quais, depois, se tornou o editor, na versão impressa). Depois de um sério desentendimento, Popper e Bartley voltaram a manter relações de amizade e colaboração bastante estreitas, tendo Bill Bartley sido ungido para a invejada tarefa de gerenciar todo o legado intelectual de Popper (e, depois, também de Friedrich von Hayek). À vista disso creio que posso, por direito, considerar-me neto intelectual de Popper — com quem tive o privilégio de trocar algumas cartas em meados da década de 70. A morte prematura de Bill Bartley em 1990 (5 de Fevereiro) roubou-me um mentor e grande amigo e foi motivo de grande tristeza. A morte de Popper em 1994 também foi grandemente sentida – embora não tenha sido prematura (ele nasceu em 1902). (A relação entre Popper e Bartley é bem e corretamente descrita em um artigo interessante de Mariano Artigas “The Ethical Roots of Popper’s Epistemology”).
Sob a orientação firme de Bill Bartley concluí meu doutorado em tempo recorde, em Agosto de 1972, com uma tese de 620 páginas sobre David Hume. Por mim eu teria continuado polindo o que eu esperava fosse tornar minha obra prima, mas Bill não me deixou, virtualmente me obrigando a entregar a tese na forma em que se encontrava. Foi aprovada sem ressalvas.
Em Pitt também tive o privilégio de estudar com Wilfrid Sellars, que foi o membro sênior de minha Banca de Doutoramento. Na home page dedicada a ele na University of Chicago, Keith Lehrer (filósofo bem conhecido) diz que “Sellars [foi] um dos mais importantes filósofos do século, talvez de todos os séculos”. Ele era também um professor fabuloso. Meu primeiro curso com ele foi um Seminário sobre Metafísica e Epistemologia. Depois fiz seu famoso seminário sobre Kant. Os cursos eram tão bons que eu comecei a frequentar tudo que era curso que ele dava: até mesmo, como ouvinte, alguns cursos introdutórios em nível de graduação (sobre Empirismo Britânico e sobre Filosofia Analítica, por exemplo). A maior parte do que eu sei sobre Filosofia Analítica aprendi com ele. Outros bons professores que tive em Pitt foram Nicholas Rescher (Lógica e Epistemologia), Richard Gale (Metafísica, Filosofia do Tempo, Filosofia Analítica), Kurt Baier (Ética), Joseph Kemp (Empiristas Britânicos), e Marilyn Frye (Kant). Olhando para trás posso ver por que o Departamento de Filosofia de Pitt era considerado o melhor do país naqueles anos.
= PARTE VI =
Depois de receber meu Ph.D. fui contratado para lecionar filosofia, primeiro pela California State University at Hayward (hoje California State University, Eastbay), em Hayward, CA, EUA (1972-1973), e, no ano seguinte, pelo Pomona College, um dos “colleges” do complexo chamado Claremont Colleges, em Claremont, CA, EUA (1973-1974). Felizmente, naquela época as normas do politicamente correto ainda não imperavam no cenário acadêmico americano. (Peter Drucker foi professor, por muitos anos, da Claremont Graduate School, que era a divisão de Pós-Graduação dos Claremont Colleges).
Enquanto trabalhava em Pomona tive uma das experiências intelectuais mais excitantes de minha vida: ler Ayn Rand pela primeira vez. A experiência fez de mim uma pessoa diferente. Sou para sempre grato ao meu colega de Pomona, Charles J. King, que veio a ser presidente do Liberty Fund, por recomendar que eu lesse Atlas Shrugged (A Revolta de Atlas, ou, em edição anterior, Quem é John Galt?, em português). Desde aquele momento, em 1973, Ayn Rand se tornou minha principal mentora intelectual, ética e política, embora meu relacionamento com ela nunca tenha tido o fervor quase-religioso daqueles para quem Objetivismo, mais do que uma filosofia, é um culto – quando encontrei Ayn Rand eu já tinha tido minha experiência religiosa há muito tempo. Mas Ayn Rand permanece até hoje como a influência mais forte e mais permanente sobre o meu pensamento metafísico, epistemológico, ético, político e até mesmo estético – vale dizer, do meu pensamento filosófico, embora ultimamente tenha sofrido forte influência de Murray Rothbard, Stephen R. Covey e Martin E. P. Seligman.
No todo passei sete anos nos Estados Unidos (Agosto de 1967 a Junho de 1974), sem voltar ao Brasil sequer uma vez. O clima político no Brasil durante esses anos era tão inóspito que eu dificilmente teria me arrependido de ter passado todo esse tempo fora, ainda que esses anos não houvessem sido os mais frutíferos de minha vida, do ponto de vista intelectual.
= PARTE VII =
Em Junho de 1974, com a intermediação de meu primo Anello Sanvido Filho (hoje vivendo em Calgary, Canadá), e uma participação especial do Rubem Alves (que na ocasião trabalhava lá), retornei para o Brasil para lecionar na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), em Campinas, SP, onde fiquei, até o fim de 2006, dando aula de Epistemologia, Filosofia Política e Filosofia da Educação (e, de vez em quando, de Tecnologia e Educação).
Por uns tempos, na década de oitenta, envolvi-me com administração universitária e até mesmo com política acadêmica. Fui Diretor da Faculdade de Educação por oito anos (quatro dos quais como Diretor Associado), Presidente da Comissão de Orçamento por dois mandatos, Pró-Reitor para Assuntos Administrativos por dois anos, etc. (Vide meu artigo “Minha Gestão na Direção da Faculdade de Educação da UNICAMP (1980 a 1984)”, publicado em Autobio Space, https://autobiospace.wordpress.com/2015/11/07/minha-gestao-na-direcao-da-faculdade-de-educacao-da-unicamp-1980-a-1984/.
Enquanto na UNICAMP, e quando ocupava o cargo de Diretor da Faculdade de Educação (de 1980 a 1984), fiquei interessado no uso de computadores na educação (mais na aprendizagem do que no ensino, para dizer a verdade). Isto me levou, por volta de 1981, para um caminho intelectual paralelo que, eventualmente, acabou se tornando um grande interesse profissional: o uso das tecnologias de informação e comunicação como ferramenta que expande a capacidade de trabalho intelectual do homem, na educação, na saúde e no mundo dos negócios, e como constituidoras de novos ambientes de aprendizagem, trabalho e lazer. Criei, na UNICAMP, in 1983, o Núcleo de Informática Aplicada à Educação (NIED), que dirigi até Abril de 1986. Ele existe até hoje. Fez 36 anos neste ano de 2019.
= PARTE VIII =
De Abril de 1986 até o Abril de 1990 fui emprestado, pela UNICAMP, ao Governo do Estado de São Paulo. De Abril 1986 até Março de 1987, fui Diretor do Centro de Informações Educacionais (CIE) da Secretaria de Estado da Educação. De Março de 1987 até o fim de 1988 fui Diretor do Centro de Informações de Saúde (CIS) da Secretaria de Estado da Saúde. Nessa posição travei contato com as pessoas que ocupavam posição equivalente na World Health Organization (WHO), de Genebra, Suíça, e na PanAmerican Health Organization (PAHO), de Washington, DC, EUA, às quais prestei consultoria em várias ocasiões desde 1988. Durante o ano de 1989 fui Diretor de Publicações da Secretaria de Estado da Saúde. De 1987 a 1989 fui também membro do Conselho Estadual de Informática (CONEI) do Estado de São Paulo.
= PARTE IX =
No início de 1990 retornei à UNICAMP. Em 1992, através de autorização especial da Reitoria, fiz parte do seleto grupo (liderado pelo Prof. Dr. Maurício Prates de Campos Filho, infelizmente, já falecido) que ajudou a criar o Curso de Pós-Graduação Profissional (Mestrado) em Gerenciamento de Sistemas de Informação na Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUCCAMP), também em Campinas, SP. Depois de estar o programa em pleno funcionamento, com várias dissertações defendidas, e tendo se esgotado o período para o qual minha colaboração havia sido autorizada, voltei para a UNICAMP, em tempo integral, em 1997.
No final da década de 1990 e início da primeira década de 2000 prestei consultoria ao Instituto Adventista São Paulo (IASP), de Hortolândia, que era o nome então dado ao Colégio Adventista de Hortolândia, instituição que, em regime de internato-externato, ministrava a Educação Básica (algo que continua a fazer), para que a instituição pudesse vir a implantar cursos superiores, que lhe permitissem integrar-se, como de fato veio a acontecer, ao Centro Universitário Adventista de São Paulo (UNASP), que então estava em formação, e que agora está plenamente em funcionamento, com campi também em São Paulo (vários locais) e Engenheiro Coelho. O convite foi feito pelo Pastor Éder Leal, então responsável pela área acadêmica da escola, e pelo Pastor Irineu Rosales, diretor da instituição. Revi, encaminhei e acompanhei a criação do Curso de Pedagogia na instituição, que começou a funcionar em 1999, sendo o primeiro Curso Superior a funcionar ali (Vide: https://www.unasp.br/noticias/semana-ira-celebrar-contribuicoes-da-educacao-adventista-no-brasil/). Até hoje tenho muitas amizades queridas que foram feitas e nutridas naquela experiência. Fui convidado a participar de vários eventos marcantes relativos a esse curso, como a formatura de sua primeira turma, o aniversário de dez anos e o aniversário de quinze anos do curso. Este ano o curso comemorou vinte anos! O UNASP teve nota máxima do MEC no ano passado. (Vide https://www.unasp.br/cincoestrelas/).
= PARTE X =
No início da década de 80 tornei-me consultor da empresa People Computação, em Campinas, SP, uma escola de informática. De 1990 até 1994 aquela companhia licenciou várias franquias. No final de 1994, foi criada uma nova empresa, People Brasil Informática, que passou, mediante contrato, a franquiar a marca, a gerenciar a rede de franquias, e a dar suporte técnico e operacional a ela. Eu tornei-me sócio, e, eventualmente, único proprietário dessa companhia. Em Março de 1998 as duas companhias terminaram seu relacionamento e as franquias voltaram à companhia original. Posteriormente a rede foi comprada pela Wizard, de meu amigo Carlos Wizard Martins, que, depois de um tempo, vendeu sua enorme rede de franquias de cursos de Inglês e de Informática para a americana Pearson’s.
Antes disso criei, em Junho de 1997, a empresa PBR Informática, empresa que usa o nome fantasia Mindware (em regra acompanhado de outros substantivos, conforme o caso: Mindware Tecnologia, Mindware Edutec.Net, Mindware Editora, Mindware Consultoria, e, ultimamente, simplesmente Mindware Education), especializada em instrumentos e ferramentas (ware) usadas pela mente (mind).
Essa empresa, com foco em tecnologia educacional, desenvolveu, durante alguns anos, materiais instrucionais e de auto aprendizado na área de informática para escolas e outras instituições envolvidas no treinamento em informática e no uso de ferramentas de informática na educação. Ela, até hoje, presta assessoria a escolas e consultoria a empresas, organizações não-governamentais e órgãos de governo nas áreas em que a tecnologia interfaceia com a educação e o treinamento e em que a gestão de processos de mudança e inovação é importante.
Em 1998 comecei a me tornar parceiro da área da Educação da Microsoft Brasil, parceria essa que se estreitou através dos anos. A partir de 2003 me tornei, por indicação da subsidiária brasileira, membro do Comitê Assessor Internacional do Programa “Partners in Learning” da Corp — isto é, na matriz da Microsoft, em Redmond, WA, EUA, função que exerci até 2013. Em 2003 também me tornei Coordenador do Comitê Assessor do Programa aqui no Brasil, função que exerci enquanto durou o Comitê, que aqui no Brasil era chamado de Fórum de Líderes Educacionais. “Partners in Learning” veio a ser chamado “Parceiros na Aprendizagem” aqui no Brasil. A parceria com a Microsoft Brasil, que também durou até 2013, embora a natureza do serviço que prestava tenha se alterado. Essas parcerias com a Microsoft foram fonte de enorme aprendizado, de múltiplos contatos extremamente interessantes, de um sem número de viagens internacionais, e de grande satisfação profissional e pessoal. Através dela, por exemplo, fui a Taiwan, todos os anos, entre 2004 e 2008, para atuar como Keynote Speaker do Education and Technology Forum, tendo ido mais de uma vez em alguns anos. Fiz grandes amigos dentro da Microsoft, dentre os quais destaco Márcia Teixeira, Adriana Pettengill, Greg Butler (infelizmente, prematuramente falecido), Vincent Quah, Emílio Munaro. Tive o privilégio de conhecer ali a minha amiga Ana Teresa Ralston.
Em 1999 comecei, por indicação da Microsoft, a prestar consultoria ao Programa “Sua Escola a 2000 por Hora”, do Instituto Ayrton Senna (IAS), programa esse então totalmente financiado pela Microsoft. Meu trabalho se concentrou, por um bom tempo, nesse programa, depois rebatizado de “Escola Conectada”. Depois me envolvi também no Programa “Comunidade Conectada”, voltado para parceria com TeleCentros. Eventualmente fui solicitado, em 2002, a elaborar um projeto de Cátedra UNESCO em Educação e Desenvolvimento Humano dentro do Instituto, e desse projeto resultou a Cátedra UNESCO de Educação e Desenvolvimento Humano no Instituto Ayrton Senna, que coordenei, desde sua sua implantação, em 2003. Coordenei a Cátedra desde a aprovação até minha saída do Instituto, em Dezembro de 2006. Em 2011 voltei a trabalhar com o IAS e em 2012 reassumi a Coordenação da Cátedra UNESCO. Trabalhar com essa nobre instituição sempre foi uma fonte de enorme prazer e constante aprendizado. Fiz grandes amigos ali dentro. A mais chegada foi Adriana Martinelli Carvalho, que coordenava a área de Educação e Tecnologia. Kátia Ramos e Simone Menella também são grandes amigas. Viviane Senna é, naturalmente, uma fonte constante de inspiração.
= PARTE XI =
No final de 2006 me aposentei da UNICAMP, cessei minha consultoria ao Instituto Ayrton Senna e assumi, a partir de Janeiro de 2007, o cargo de Secretário Adjunto de Ensino Superior do Estado de São Paulo, a convite do Prof. Dr. José Aristodemo Pinotti (hoje falecido), que havia sido meu colega na UNICAMP desde 1974, que era na ocasião Deputado Federal, e que acabava de ser escolhido pelo então Governador José Serra para ser o Secretário. A passagem por essa secretaria, criada no governo Serra, foi curta, para mim e para o Prof. Pinotti. Não ficamos ali mais de um semestre. Por incompatibilidades políticas (ele era dos Democratas), saímos.
Ao sair do governo assumi, a convite do empresário Ricardo Semler, a Presidência do Instituto Lumiar, em São Paulo. O Instituto Lumiar é responsável pelas Escolas Lumiar. Fiquei nessa posição por dois anos. Vide o resultado do trabalho realizado em meus blogs Escola Lumiar e Lumiar Space, em https://escolalumiar.wordpress.com/ e https://lumiar.space/, com a inestimável colaboração de Paloma Epprecht e Machado.
= PARTE XII =
Por falar na Paloma, entro na esfera mais familiar da minha vida. Vivi com ela, em união estável, desde 6 de Setembro de 2008. Moramos, de início, em São Paulo (primeiro na Chácara Klabin, depois no Morumbi). Em Dezembro de 2015 nos mudamos para Salto, SP, onde temos um sítio, em virtude de a Paloma começar a trabalhar em Capivari, SP, quase do lado do sítio. (Vide adiante). Em 15 de Maio de 2012 nossa união estável foi convertida em casamento “no papel”, e, portanto, desde então somos legal e oficialmente casados. Ambos mudamos nosso nome nesse processo. Ela para Paloma Epprecht e Machado de Campos Chaves e eu para Eduardo Oscar Epprecht e Machado de Campos Chaves. Os nomes ficaram meio longos demais, mas queríamos incorporar aos nossos nomes os sobrenomes do outro. Em 3 de Julho de 2012 casamo-nos na igreja (a Catedral Evangélica de São Paulo, de que somos membros).
A Paloma, além de mulher, é parceira no trabalho, pois atuamos, profissionalmente, exatamente na mesma área. Foi assim que nos conhecemos, em 2004, no Congresso TecEduc@tion. Trabalhamos juntos em projetos da Microsoft (Parceiros na Aprendizagem, Aprender em Parceria), em 2005 e 2006. Em 2007, quando assumi a Presidência do Instituto Lumiar, convidei-a a vir trabalhar como Coordenadora Pedagógica do Instituto — convite que ela pode aceitar apenas a partir de Janeiro de 2008, posto que trabalhava na Secretaria da Educação do Município de São Bernardo do Campo. Ficamos no Instituto Lumiar até quase o final do primeiro semestre de 2009 e fizemos um trabalho que reputo extremamente importante. Boa parte dele está transcrito nos sites mencionados atrás. Depois disso a Paloma, como eu, passou a atuar como Consultora Independente no mercado, na área de Educação (currículo, metodologia, avaliação) e Tecnologia. Já prestou serviços de consultoria nessa área para a Microsoft, o Instituto Crescer para a Cidadania, o Instituto Paramitas, a Fundação Bradesco, o CENPEC (Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária), o Programa Um Computador por Aluno (UCA), junto à Escola Politécnica (Poli) da Universidade de São Paulo (USP), etc. Trabalhou no Colégio Visconde de Porto Seguro, Unidade I (Morumbi), na área de Tecnologia e Educação, de 2011 a 2015. A partir de Dezembro de 2015 começou a trabalhar no Instituto Federal de São Paulo (IFSP), Campus de Capivari, atuando na área das Disciplinas Pedagógicas da Licenciatura.
A Paloma concluiu seu Mestrado na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), na área de Currículo, no ano de 2012 (Agosto), tendo tido o privilégio de ser orientanda do Prof. Dr. Fernando José de Almeida. Agora (desde 2017) cursa o Doutorado na Universidade de São Paulo (USP), na Faculdade de Educação, tendo o privilégio de ser orientanda do Prof. Dr. Ulisses Ferreira de Araújo. Deve defender sua tese em meados de 2021.
A Paloma tem duas filhas jovens lindas, a Bianca (nascida em 1996) e a Priscilla (nascida em 1998). A Bianca já concluiu seu curso superior em Gestão Ambiental na FMU, em São Paulo, onde agora reside, e a Priscilla terminou no primeiro semestre deste ano o curso de Biomedicina na UNESP de Botucatu, onde também residiu até então. Desde agosto deste ano vem fazendo estágio no Instituto Butantã.
Não gosto muito do termo “enteado/a”, porque considero como filhos aqueles a quem ajudo a criar. Mas, para evitar confusão, vou usar o termo aqui. A Bianca e a Priscilla são, portanto, minhas filhas/enteadas mais novas.
Filhos meus, mesmo, tenho duas mulheres, de dois casamentos anteriores: Andrea (nascida em 1973), de meu primeiro casamento (ainda lá nos Estados Unidos, em 1967), e Patricia (nascida em 1975), de meu segundo (que aconteceu pouco tempo depois de eu retornar dos Estados Unidos, em 1974).
De meu segundo casamento tenho, também, dois filhos/enteados: Tatiana (nascida em 1969) e Rodrigo (nascido em 1971). Participei ativamemente da vida deles desde Outubro de 1974, desde quando ainda eram pequeninos (o Rodrigo tinha 3 e a Tatiana 5 anos, quando vieram morar comigo) e por 34 anos. Hoje, em virtude de meu divórcio da mãe deles, estamos, lamentavelmente, distanciados – situação que, espero, não dure para sempre.
Netos já tive sete (mas um deles, Guilherme, infelizmente, morreu uma semana depois de nascer: teria feito dezesseis anos no dia 9 de Setembro deste ano — 2019). Certamente conto como netos também os filhos dos filhos/enteados. São esses os seus nomes e seus anos de nascimento Gabriel (1999), Olívia (2002), Guilherme (2003), Gabriela (2004), Marcelo (2005), Madeline (2005) e Felipe (2006). Gabriel é filho da Tatiana, Olivia e Madeline, da Andrea, Guilherme e Marcelo, da Patrícia, e Gabriela e Felipe, do Rodrigo. (Mais informação sobre netos, a seguir).
A Andrea, nascida em 1973, se formou em Marketing Internacional em Grove City College, em Grove City, PA, EUA. Foi, por algum tempo, Consultora Financeira dos produtos financeiros do American Express na região de Warren, OH, EUA. Hoje possui uma Imobiliária e trabalha com venda, aluguel e administração de imóveis. Casou-se com Richard Jeffry Mathews, gerente de vendas e marketing, em 1998, mas se divorciou em 2015. Casou-se pela segunda vez, agora com John Wolford, em 6 de Outubro de 2018. O John trouxe para a família um casal de filhos: Kent, de 18 anos (em 2019), e Sidney, de 17 (em 2019), que eu, naturalmente, acrescento como meus netos. A Andrea e o John vivem em Cortland, OH, EUA, com os filhos. Kent começou o college neste ano de 2019. Ele é quarterback do time de futebol americano da instituição. A Sidney começa a universidade em 2020 com bolsa da Força Aérea Americana, na qual ingressou.
A Patrícia, nascida em 1975, formou-se (em 1999) em Odontologia na Universidade São Francisco (USF), em Bragança Paulista, SP, e é, hoje, Especialista na Área de Periodontia. Exerce a odontologia em Valinhos. Começou a fazer o Mestrado na Faculdade de Medicina da UNICAMP, na área de moléstias sexualmente transmissíveis, mas interrompeu o curso. Casou-se com Rubens Frota de Moraes Salles, também dentista, em 2003, mas se divorciou. Ela mora em Campinas, SP, com o Marcelinho. Tem um relacionamento estável com Rodrigo Mattos, embora cada um continue a viver em sua casa. Esse relacionamento estável me trouxe mais três netos: Pedro e as gêmeas Luiza e Laura.
O Rodrigo, meu enteado, nascido em 1971, é engenheiro de computação pela UNICAMP (formado na primeira turma, a de 1990). Trabalha como contratado PJ de uma empresa da área de sistemas em São Paulo e Campinas. Em 2 de Setembro de 2000, casou-se com Adriana Tavares, fisioterapeuta formada (em 1999) pela Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP), Piracicaba, SP. Eles moram em Campinas, SP, num sítio, com a Gabriela e o Felipe, que também considero meus netos, apesar do afastamento.
A Tatiana, minha enteada, nascida em 1969, é engenheira civil, formada pela PUCCAMP, mas trabalha, hoje, como funcionária pública no judiciário paulista, em Campinas. Ela se casou, em 1 de Fevereiro de 1997, com Alexandre Montgomery Wild, promotor público, formado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, em São Paulo, SP. Eles também moram em Campinas, com o Gabriel, que foi, e continua sendo, no meu coração, o meu primeiro neto, nascido que foi em 1999. Fez 20 anos este ano.
Meus netos são, por enquanto, todos estudantes. Onze, numa contagem inclusiva, mais ou menos pela ordem: Gabriel Wild, Kent Wolford, Olivia Mathews, Sidney Wolford, Marcelo de Moraes Salles, Madeline Mathews, Pedro Mattos, Gabriela Romero, Felipe Romero, Luiza Mattos e Laura Mattos.
Meus pais são falecidos: meu pai, o Rev. Oscar Chaves, em 5 de Março de 1991, minha mãe, Edith de Campos Chaves, em 11 de Junho de 2008. Tenho um irmão e duas irmãs: o Flávio (nascido em 1946), a Priscila (nascida em 1957) e a Eliane, a caçula (nascida em 1959). O Flávio é casado com a Inês e tem dois filhos: Flávio Júnior (Flavinho) e César. Eles moram em Santo André, SP. O Flávio Júnior é casado com a Aninha, mora em São José do Rio Preto, SP, e estão esperando sua primeira filha (Laura) para este mês de Julho de 2019. O César é casado com a Juliana e eles têm dois filhos, chamados (também) Gabriel e Lucas. O Flávio e da Inês terão três netos, portanto, a partir deste mês de Julho de 2019. O César e a Juliana moram, com os filhos, em Seattle, WA, USA, onde ele trabalha na Amazon e ela dirige uma escolinha maternal. A Eliane é casada com o João e eles também têm dois filhos: Vítor e Diogo. Os quatro moram em Santo André. Minha irmã Priscila é solteira e também mora em Santo André.
O pai da Paloma, José de Oliveira Machado Neto. e a mãe, Ana Maria Epprecht Machado, ela lamentavelmente falecida em Outubro deste ano, moraram, parte do tempo em Ubatuba, SP, e parte do tempo em Guarulhos, SP. Conheci o pai da Paloma no final da década de 50, início da década de 60, na Igreja Presbiteriana do Parque das Nações, em Santo André, que ele frequentava e da qual meu pai era pastor. Essa é uma das coincidências de nossa vida. (Outras duas: dois tios dela eram amigos meus de adolescência e juventude, na mesma igreja que o pai dela frequentava – e foi meu pai que fez o casamento deles, muito tempo atrás).
A Paloma tem dois irmãos: a Ana Patrícia, mais velha do que ela, e o Rafael, mais novo do que ela. A Ana Patrícia mora em Guarulhos, é casada com o Fábio, e tem três filhos: Aline, Éverton e Júlia. A Aline já é casada (com o Alexandre, apelidado carinhosamente de Japa), e eles têm um encanto de filhinha, a Milena (a japinha mais linda que eu conheço) e mais um menino, o Matheus, nascido em 2018. O Rafael é casado com a Carolina (Carol) e mora em São Paulo, e eles em 2017 tiveram um menino, chamado Samuel, no ano seguinte, outro, chamado Levi.
= PARTE XIII =
Pela intermediação da Paloma restabeleci meus laços com a igreja e a religião. Frequentamos, desde que estamos juntos, e dela somos membros, desde 2010, a Catedral Evangélica de São Paulo (também conhecida como Primeira Igreja Presbiteriana Independente de São Paulo), na Rua Nestor Pestana, no Centro. Facilita muito esse processo o fato de ter frequentado essa igreja no passado, ter ali vários amigos, em especial o Rev. Elizeu Rodrigues Cremm e sua mulher, Marli, que foram meus colegas no Instituto JMC nos idos de 1961-1963). Daqui um ano e pouco fará 60 anos que nos conhecemos e somos amigos. No início deste ano (2019), em Fevereiro, fez 58 anos que o Elizeu, a Marli e eu nos conhecemos e ficamos amigos. Apesar do longo interlúdio fora da igreja, sinto-me totalmente em casa na Catedral — até porque ela mantém um hinário que contém todos os meus hinos mais queridos (que minha amiga, também do JMC, a Maestrina Dorothéa Machado Kerr, filha de meu ex-professor, Rev. Joaquim Machado, gravou com o Coral Evangélico de São Paulo, em inúmeros CDs).
Continuo a ter muitas dúvidas em teologia e para a maioria das questões da religião não encontrei respostas convincentes ou totalmente convincentes. Mas voltei a achar as questões fascinantes, como um dia as achei. Foi por isso que voltei a dar atenção ao estudo da Teologia. Os problemas com a instituição eclesiástica acabaram por me levar a afastar essas questões de meu foco de interesse por muito tempo. Felizmente, estou, aos poucos, com o apoio e o incentivo da Paloma, fazendo as pazes com o meu passado. (O fato de meu sobriho Vitor, sobrinho de minha irmã Eliane, haver decidido se tornar teólogo também me motivou. Ele tem Mestrado e Doutorado em Ciências da Religião no Programa de Pós-Graduação da Universidade Metodista de São Paulo. Foi contratado há dois anos para ser Professor do Programa. Antes de sua contratação, estudou na Sorbonne, em Paris, por um ano. Tenho enorme orgulho dele.)
= PARTE XIV =
Como já mencionado atrás, por incrível que pareça, fui convidado em 2014 a dar aulas de História da Igreja e História do Pensamento Cristão na Faculdade de Teologia São Paulo (FATIPI) da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil (IPIB), mantida pela Fundação Eduardo Carlos Pereira. Fiquei lá até 2017, tendo me desligado em Junho, em virtude de nossa mudança para Salto.
= PARTE XV =
Informações sobre minhas publicações, sobre meus projetos profissionais, sobre os cursos que costumava ministrar, sobre meus interesses pessoais, bem como sobre como me contatar, podem ser encontradas em diferentes locais do meu site https://chaves.space, que é o meu Portal, e em meus Perfis (Timelines), dos quais há três, e Página (Page) no Facebook, em, respectivamente:
Além do meu Portal, mantenho vários blogs, que me são muito importantes. Já mencionei dois deles: há pelo menos mais trinta. O acesso é pelo meu Portal Chaves Space, que também abriga este blog.
Detalhes sobre a vida da gente normalmente só interessam a gente mesmo. Se, a despeito disso, você chegou até o fim desta longa página, receba meus parabéns pela paciência. Poucos são os que chegam até aqui.
[Redigido originalmente em Salto, em 1995, revisto e ampliado em São Paulo, em 15 de Maio de 2012 (dia do aniversário da Paloma e de nosso casamento civil), em 15 de Novembro de 2017 (dia da Proclamação da República), em 3 de Julho de 2019 (dia do sétimo aniversário do meu casamento com a Paloma na Igreja), e hoje, 16 de Dezembro de 1976].
Eduardo Chaves
Like this:
Like Loading...